A gestação é um período que exige cuidados especiais, especialmente para mulheres que fazem uso de medicamentos controlados, como os tratamentos para TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Um dos grandes dilemas enfrentados por gestantes com TDAH é:
🔹 “Posso continuar tomando minha medicação?”
🔹 “A atomoxetina ou os psicoestimulantes, como a Ritalina, podem prejudicar o bebê?”
Um grande estudo publicado em 2024 no JAMA trouxe respostas importantes sobre esse tema. Vamos analisar os dados e o que eles significam na prática.
O Que o Estudo Revelou?
A pesquisa analisou dados de 16,5 milhões de gestantes, incluindo 30.830 mulheres com TDAH, e comparou os resultados entre:
✔ Gestantes que usaram atomoxetina (Strattera) ou metilfenidato (Ritalina)
✔ Gestantes com TDAH que não usaram medicação
✔ Gestantes sem TDAH (população geral)
Principais Achados:
- Não houve aumento significativo em:
- Malformações congênitas
- Risco de aborto espontâneo
…entre as mulheres que usaram atomoxetina ou metilfenidato durante a gravidez.
- O TDAH não tratado também não aumentou complicações
- Ou seja, o transtorno em si (sem medicação) não foi associado a mais riscos na gestação.
- Resultados consistentes em diferentes países
- Os dados incluíram pesquisas da Dinamarca, Suécia, EUA, Israel e outros, reforçando a confiabilidade.
O Que Isso Significa na Prática?
Se você tem TDAH e está grávida (ou planejando engravidar), aqui estão as principais recomendações com base nesse estudo:
✅ Não interrompa a medicação por conta própria – Suspender abruptamente pode piorar sintomas como desatenção, impulsividade e ansiedade, afetando sua qualidade de vida.
✅ Converse com seu psiquiatra e obstetra – A decisão deve ser individualizada, pesando:
- Gravidade dos sintomas
- Histórico de resposta ao tratamento
- Possíveis alternativas (como terapia comportamental)
✅ Monitoramento fetal é recomendado – Alguns médicos podem sugerir ultrassons detalhados, especialmente para avaliar o coração do bebê.
Limitações do Estudo
Apesar dos resultados tranquilizadores, é importante considerar:
🔸 Não avalia efeitos a longo prazo – O estudo focou em malformações e abortos, mas não acompanhou o desenvolvimento neuropsicológico das crianças após o nascimento.
🔸 Não diferencia dosagens ou períodos críticos – O uso no primeiro trimestre (fase de formação dos órgãos) pode ter riscos diferentes do uso no final da gravidez.
🔸 Falta de dados sobre outros psicoestimulantes – O estudo analisou metilfenidato e atomoxetina, mas não incluiu anfetaminas (como Venvanse).
Conclusão: Devo Continuar Meu Tratamento?
Os dados sugerem que atomoxetina e metilfenidato não aumentam riscos graves na gravidez, mas a decisão deve ser tomada em conjunto com seu médico. Se os sintomas do TDAH forem graves e impactarem seu bem-estar, a continuação do tratamento pode ser a melhor opção – sempre com acompanhamento especializado.
Você já passou por essa situação? Conte nos comentários!